"Pois, no íntimo do meu ser tenho prazer na lei de Deus; mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente, tornando-me prisioneiro da lei do pecado que atua em meus membros." Romanos 7:22,23
A Carta de Paulo aos Romanos às vezes pode parecer difícil de compreender, mas talvez isso se deva ao fato de que nela Paulo trata de assuntos tão presentes e reais, e de forma tão crua, que a forma direta com que os aborde se torna muito complexa. Mas o estudo e a compreensão são necessários, porque afinal encontramos posicionamentos importantes sobre coisas que enfrentamos no nosso dia-a-dia.
Hoje vamos meditar no Capitulo 7, e eu recomendo que, se possível, você leia o texto de forma completa, desconsiderando as divisões de versículos... afinal, Paulo escreveu um texto único e talvez essa visão total ajuda na compreensão do texto!
Imagino com a polêmica Paulo gerou nos cristãos da época ao abordar este assunto, mas era algo necessário. Como ele diz logo no começo do texto, aquela parte da carta era direcionada àqueles que tinham conhecimento da lei. Que lei? A lei de Moisés, a qual os judeus deviam obediência e devoção. Certamente alguns dos remetentes desta carta tinham dificuldade em entender que, a partir de Cristo, a prioridade já não era as ordenanças da Lei e sim uma vida frutífera pelo Espirito de Deus!
Então surge a pergunta: "é a Lei pecado?" Afinal, poderia haver a impressão de que a Lei então era contrária a Cristo! Mas a resposta vem a seguir... a Lei é "santa, justa e boa" (v. 12), porém diante do homem que é justamente o contrário disso, ela trazia condenação. A Lei apontava toda a transgressão e fracasso do homem.
Mas Cristo morreu para reconciliar o homem com Deus e, portanto, limpar esse histórico de condenação. Sendo assim, através de Cristo, o homem morria para a Lei e deixava de ser sujeito a ela! Embora ainda não seja perfeita, a relação do homem salvo gera uma obediência que, apesar de não ser perfeita, é produzida não mais pelo jugo pesado da Lei, mas pela motivação do Espírito que nele habita. E assim surge a possibilidade de desfrutar da liberdade no Espírito e frutificar para Deus!
Só que, como foi dito, essa ainda não é uma relação perfeita. Apesar de, em Cristo, sermos nova criatura, o peso do velho homem continua em nós. Afinal, ainda somos feitos de carne e osso, e sujeitos a tentações e à queda. Ainda somos pecadores, mesmo que alcançados pela Graça do Senhor. E isso as vezes gera o conflito do versículo 19: "não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço". Por que apesar de nosso coração estar voltado para Deus, nossa carne ainda está vendida "à escravidão do pecado".
Esse embate só terá fim no dia em que estamos juntamente com o Pai, mas até lá o nosso desafio continuará sendo lutar contra a nossa própria carne! Isso não é fácil (não tem como ser), mas contamos com o nosso Consolador, com a orientação de Sua Palavra e através da misericórdia do Pai temos a esperança de enfim, um dia, termos uma relação completa na Glória!
Existe uma lenda indígena americana (segundo pesquisas) que diz o seguinte:
"Dentro de mim há dois cachorros: um deles é cruel e mau; o outro é muito bom. Os dois estão sempre brigando. O que ganha a briga é aquele que eu alimento mais frequentemente."
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É assim o embate entre o espírito e a carne em nossos corações... Você tem alimentado o seu espírito adequadamente para que ele possa vencer essa luta? Já pensou nas consequências do resultado dessa briga?
Patrícia Rodrigues
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