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"Por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão." (Mateus 7:3-5)
Já percebi o tanto de vezes que abrimos a Bíblia na história de Davi, Jacó, Sansão, etc, e esculhambamos totalmente estes homens ( "descarado, rapaz! Teve um filho com uma mulher casada e ainda matou o marido!"; "isso é um mentiroso, enganador, exatamente como o nome diz!"; "ó pra lá, o cara faz o voto de nazireu e quebra de todos os jeitos possíveis, toca em animal morto, bebe, se mistura com gente de outro povo"). Mas aí Jesus pergunta: "Porque ao invés de ficar falando e apontando os defeitos do outro, você não olha para os seus? Porque ao invés de julgar e especular o motivo de fulaninho ou fulaninha terem parado de ir à igreja você não vai lá e pergunta, ora por e com ele?"
É interessante notar que Jesus traz um jugo (ensinamento) suave, um fardo leve. Ele nos mostra que não é a nossa vontade, é a Graça nos faz perseverar na Fé. Mas nós, como os rabinos daquela época, queremos colocar jugos pesados nos ombros do outro (e que só vale para o outro, nunca para nós!). Dia desses me vi perguntando a um colega a respeito de uma jovem da sua comunidade cristã, queria saber se ela era ativa lá, disposta e tal... Depois fiquei pensando em como nós queremos ser juízes dos outros, pois eu sei que no meu coração minha indagação não era simplesmente saber como ela estava em relação ao Reino de Deus, mas era concretizar em minha mente a ideia de que ela não tinha compromisso, era irresponsável e tal.
Hoje você é desafiado a olhar-se no espelho, olhar sua condição, completamente caída e miserável. Não crie expectativa acerca dos outros, eles são tão imperfeitos e injustos quanto você.
"Quando eu esperei em alguém imperfeito
De presente eu ganhei um espelho
[...]
E mesmo estando no Caminho
Eu posso me juntar ao Acusador
Fazendo de aparências minha religião
Criando guerra em nome da razão
Vivendo de verdades incompletas
Em nome de um passado, de uma tradição
É quando a gente percebe que não estamos certos
Que, na verdade, nós estamos cegos
Mas quando eu esperei em alguém perfeito
Eu vi o Seu reflexo em mim, sem defeito
E agora usa-me, vivifica-me
Vem terminar a Tua boa obra em mim
[...]
Por que minha mão que é curta para ajudar o infeliz
Se estica para julgar e lembrar o que a Bíblia diz?
Será que é de Deus o crente orar assim:
"Que a Lei seja sobre eles, e a graça sobre mim"?
"Vitória sobre os inimigos!" Inimigos são quem?
Se os cristãos não deviam querer o mal de ninguém
Se o único inimigo que a Bíblia aponta
Jesus venceu na cruz, me diz com quem cê luta contra?"
(Entrega - Daniela Araújo)
Ênedy Fernandes
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