Por conseguinte Paulo introduz no capítulo a discussão acerca da importância da evangelização. Vemos que é com o coração que os homens exercem a fé pela qual Deus os aceita como justos; é com a língua que fazem confissão e, assim, recebem a salvação. Os homens são exortados a invocar o nome do Senhor e serem salvos. Mas não invocarão o Seu nome a menos que sejam movidos a crer nele, não crerão nele a menos que ouçam falar dele, não podem ouvir dele a menos que alguém lhes leve as novas, e ninguém pode levar as novas a menos que seja enviado para isso.
No fim do capítulo observamos que Deus abriu e estendeu os braços ao seu povo (Israel) e continua ali, todo o dia, de braços estendidos, implorando-lhes que regressem. Porém a reação deles é negativa, recalcitrante, denotando resistência e rejeição, estão decididos a continuar sendo um povo desobediente e rebelde. E dá para sentir o desalento e a angústia de Deus. Assim Paulo conclui sua segunda incursão na questão da incredulidade de Israel. Diz o apóstolo que Israel compreendeu bem a mensagem, mas recusou obedecer. Antes Israel mostrou inveja e indignação quando os gentios aceitaram o evangelho, contudo eles mesmos não quiseram crer nele.
Embora as boas novas fossem proclamadas a todos; isto não significa que os ouvintes obedeçam às boas novas. Paulo está dizendo, pois, é que a fé em Cristo pressupõe ter sido ouvida a palavra que procede de Cristo e lhe diz respeito.
Confissão com a boca e crença no coração refere-se às reações interna e externa do crente. Sua convicção interior precisa de expressão exterior. Quando ele confessa que Jesus é o Senhor, ele está declarando a divindade de Cristo e a sua exaltação, e o fato de que ele, o crente, lhe pertence. A crença de um homem na ressurreição de Cristo, prova que ele sabe que Deus agiu e triunfou na cruz. Fé e confissão devem ser combinadas.
Paulo anexou esse assunto à carta fazendo com que nos lembremos de Jesus. Em todo o ensino de Cristo, tanto sobre a terra quanto desde o céu, seria difícil descobrir alguma exortação que ele repetisse com maior frequência, numa forma ou noutra, do que sobre o ouvir; ainda melhor: o escutar.
É importante realçar que a causa da falta de fé de Israel não foi a “ignorância”, mas a indisposição. Israel havia recebido suficiente compreensão do caminho da salvação a ponto de ser plenamente responsável por sua incredulidade pessoal. Aqui, no entanto, essa incredulidade é atribuída à desobediência do próprio povo de Israel. Se eles fracassaram, a culpa foi deles mesmos. A antinomia entre a soberania divina e a responsabilidade humana permanece.
Ao lembrar os ouvintes que Deus foi encontrado por quem não o buscava e se revelou a quem não perguntava por ele, a ênfase está posta no direito soberano de Deus em conceder a salvação a quem bem quiser. Em nenhum sentido é verdade que o homem, por meio de algum presumido mérito que ouse reivindicar, chama a atenção de Deus. Os gentios, com a mente e o coração obscurecidos pelo pecado, e que, portanto, nem mesmo solicitam o socorro divino, a recebem. Israel é ignorado por causa de sua obstinação.
Israel era plenamente responsável pelo juízo divino que fora pronunciado sobre ele. O fato de que a nação, dia após dia, semana após semana, ano após ano, continuava a desobedecer e a contradizer a Deus, ainda a despeito de Deus estender suas mãos de paciência e solicitação, tornou a situação ainda pior para Israel. Quando Deus pronuncia juízo sobre Israel, ele não está agindo arbitrariamente. Israel mereceu esse juízo.
Em suma neste capítulo Paulo confirma e ilustra oito verdades bíblicas, quais sejam: o acesso imediato a Cristo pela fé; a promessa de salvação para todo aquele que crê; a gloriosa necessidade de evangelização; a indiferença de Israel; a universalidade do evangelho (para judeus, gentios, gregos etc.); a provocação dos gentios com relação a Israel; a iniciativa da graça divina; e, a paciente desolação de Deus, o evangelista.
Arthur Galvão
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