Era uma ensolarada tarde de domingo. Em pleno sol de verão, muito calor e pouca trégua, estava eu no afã de ficar só - comigo e com Deus - para um momento de reflexão. Decidir acampar-me em meu esconderijo de pensamentos e de sinceridades: a minha Igreja... É incrivel, e talvez até louco, porém é o único lugar no mundo em que eu sinto paz e tenho a sensação de que Deus mora ali, naquele cubículo de paredes sem janelas e pouca ventilação. É como que se Ele rejeitasse a sua Glória para habitar em meio a "densas trevas" (1ª Rs 8:12 ). Acho que o salmista Davi tinha o mesmo desejo, quando ele descreve: "quão amáveis são os seus Tabernáculos Senhor dos Exercitos! A minha alma suspira e até desfalece, por Tua casa ( Salmo 84)". Por mais bonita e aconchegante que for o seu lar, porém nada, digo novamente, NADA é como estar nos Àtrios do Senhor...
Ali estava eu, contemplando pensamentos que só naquele lugar eu poderia ter. Sentei-me numa das cadeiras do púlpito e liberei minha mente para o despojo das ideias. Inusitadamente, algo dentro do cubículo que entrei passou a chamar a atenção da minha visão. Passei a mirar aquela imagem estupefado! É difícil de acreditar como, em 11 anos frequentando aquele lugar, nunca tinha observado aquilo. Parei para analisar a simetria das cadeiras da igreja. Todas branquinhas, em filas igualmente espaçadas formando linhas horizontais de quatro cadeiras, um espaço maior no meio e proximo das paredes laterais e todas voltadas para o pulpito que fica, basicamente, no centro de um palcozinho- ou altar, se preferirem-. A igreja estava com a luz das lâmpadas apagadas, apenas detinha apenas o brilho dos raios solares que penetravam dentro do salão por meio das poucas frestas que tinham disponíveis, o que gerava uma harmonia- quase sinfônica- de cor, luz e sombra. Um verdadeiro descompasso de texturas e contrastes. É nessas horas que você percebe que muitas vezes a beleza, a harmonia, a paz, a felicidade ou outros atributos que buscamos está sob nossos olhos só não conseguimos enxergar.
Naquele momento tive um insight- aquela lâmpada que surje na cabeça de um personagem de desenho animado rsr-. Surgiu uma verdadeira Tsunami de ideias e conceitos. Me veio à cabeça o verso 1 de Romanos 12: "Não vos conformeis com o presente século!" e outro: “Não ameis o mundo nem as cousas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo” (1 João 2.15-16). Vocês devem estar se perguntando, o que as cadeiras branquinhas e simétricas tem a ver com estes versículos?
Olhando para aquelas cadeiras percebi que o homem sem Deus, neste mundo, é como cada cadeira individual. Ele está sempre buscando estar dentro do "sistema" que é individualizante porém global. Tudo no presente século resume-se em padrão. o Ser humano sempre busca estar na moda, ser fashion ou coisa e tal, que na verdade, é um padrão de bem vestir; está sempre buscando o físico perfeito, que é o padrão da beleza; está sempre em busca do status social, que é o padrão do sucesso; em busca da ética, que é o padrão de comportamento social; em busca de alguma tribo ideológica, que é o padrão de ser aceito na sociedade; em busca de "ficar" com todas as meninas ou meninos possível, que é o padrão de ser amado; o padrão do mundo é amar quem me ama e amaldiçoar aqueles que me amaldiçoam, é ser o primeiro a atirar a pedra quando alguem erra- mesmo sabendo que todos erram!-, é ser o melhor não importando como, é preocupar-se em demasia por si mesmo não valendo da nescessidade do outro. O padrão do mundo é tornar-se telespectador da disgraça alheia- como nos filmes que insultam à violência- e o discurso também é padrão: " Aaah que nada! isso é só um filme, eu sei diferenciar fantasia da realidade..."; o Padrão do mundo é considerar como normal algo que é comum mas não é naturalmente normal- homossexualismo-; O Padrão do mundo é vivermos isolados - em casas uma em cima das outras - em cidades estupefadas de gente; o padrão do mundo é formar especialistas que de tão especiais não sabem desfrutar do que realmente é especial, as generalidades simples da vida; etc e etc...
Os que vivem segundo o "padrão" são os certos, os normais de comportamento, os que são mais pronpensos a serem felizes e pouco sofrerem. Os que vivem o "Padrão do mundo" são os que escolhem o caminho largo, o caminho mais fácil, o caminho que, sem saberem, levam para a perdição carnal e eterna (Mt 7:13,14).
Interessante que Deus nos chama para sermos errados! Ele nos chama a fugir dos padrões do mundo, ao conformismo do presente século, para vivermos a loucura do evangelho. Somos chamados para sairmos da condição de cadeiras simétricas e padronizadas, para sermos pulpitos da proclamação da Verdade. Somos escolhidos para sermos sal na boca dos amargurosos, pimenta nos olhos dos empíricos, pão no ventre dos famintos, água na lingua dos sedentos e luz para os pés dos perdidos. Somos chamados para transformar- e não conformar com o presente século. Somos chamados para sermos Loucos Varridos numa sociedade em que ser perdido é ser o certo.
É loucura- e humanamente errado- querermos matar a nossa propria carne para que o espirito viva - Ef 2:5 -. " Como é possivel viver sem desejar sexo? as cargas libidinais devem ser colocadas pra fora para que não haja uma neurose!" É o que dizem por entre as esquinas da perdição. É loucura - e humanamente errado- dizer que se alguem lhe bater à face, ofereça a outra para ele bater também - Mt 5: 38 à 42 -. A tendência atual é: antes de te agredirem o agrida primeiro, isso mostra que você é esperto... É Loucura - e humanamente errado- amar o proximo como a si mesmo - Mt 22:34 à 40-. Será que alguém no caminho largo realmente se ama de verdade? Ou ama ser como o padrão?
Somos chamados para sermos errados! Pregar a Verdade "errada" do evangelho, Vivermos errados, sermos errados... Somos chamados para sermos como o maior exemplo de gente errado no mundo: Jesus Cristo. Somos chamados para sermos Cristãos!
Nele, que é e sempre será Deus.
J. Leal - Presidente da FEMEC 34
